23ª Califórnia da Canção Nativa do RS – Uruguaiana – 1993.
PEÃO DO MEU BAGÉ
Letra: Mauro Ferreira
Música: Mauro Ferreira
Intérprete: Neto Fagundes
Cabeça de égua, pescoço invertido,
paleta parada, lombo de cacimba
e anca descarnada…
que baita botada deram no patrão!
“Oiando” de frente falta “quaje” tudo,
“oiando” de trás, parece um burrichó!
Isso é um caranguejo, pensam que é um cuiudo…
“zóio” de mutuca, goela de socó!
Não alcança um boi, não pecha uma galinha,
Não cincha uma lebra…
cuiudinho quebra, da boca de grota,
bicho que da doma não tem nem notícia!
“Inda” é cabuloso, quando arrasta o toso
vem buscando a volta pra “pisá” o paisano!…
Pobre da peonada que daqui a alguns anos
vão ter que “encilhá os filho” dessa imundícia…
Ai, ai, não sou malvado, mas pra esse infame
cobiço um pealo, uma faca ‘nas bola’,
“botá” na carroça e vender pro salame!
Eu conheço muito estancieiro tronqueira,
“véio” mão de vaca,
com uma cruzeira dentro da guaiaca ,
mas esse arataca é de se “respeitá”!
Com tanta cabanha criando crioulo,
levando pra Esteio ‘uns cuiudo’ de estouro,
em vez de abrir o bolso no freio de ouro
foi “comprá” este sorro, pra “economizá”…
Quando o cuiudinho saiu tropicando
junto co’a manada…
Estragando tudo aquela rica eguada,
eu me tapei de nojo e vou dizer porquê:
— A vida tá braba, mas vai se levando,
só não se admite um peão do meu Bagé
“Encilhá” um cavalo, “quebrá” bem o cacho,
se “mandá” pro campo e “voltá” de a pé…