23ª Sapecada da Canção Nativa – Lages – SC – 2015.
A LÁGRIMA DO TORO
Letra: Rogério Ávila
Música: Juliano Gomes
Intérpretes: Leonel Gomez e Gustavo Teixeira
Terá a lágrima, a força,
Da aspa do mesmo toro,
Do sangue encarnado o couro,
Do casco que abre a cova…
Da fúria que se renova
A cada abano de pala
Ou do silêncio que cala,
No escuro da lua nova!
Terá a lágrima, a alma,
Do berro de um toro alçado
Do mesmo, a um céu estrelado
Em outra noite charrua,
Que bebe claros de lua
Na restinga que se adona
E apronta uma vaquilhona,
Num rincão de pampa crua!
Tem a lágrima, o feitiço,
Que encanta e que desencanta
A todo o mal que se planta
Com ferro ou com desaforo,
Portanto a gota de ouro
“Que tiene un color de plata”
Traz um pranto que se desata
Pela lágrima do toro!
Terá a lágrima, a essência,
De salmora curandera
Uma alquimia campera
Que na raiva se despeja
E a fúria, que então flameja,
Aos poucos desaparece
E todo o quadro enternece
Quando o toro lagrimeja!
Talvez só tenha uma lágrima
Bem mais triste e mais sentida,
De quando o adeus da partida
Vem com a mágoa, em conchavo,
Deixando no peito um clavo
E no lindo rosto moreno
Uma gota de sereno
Qual lágrima de toro bravo!