11º Cante Uma Canção em Vacaria – Vacaria – RS – 2018.
UM PAR DE BOTAS SOMENTE
Letra: Rafael Teixeira Chiapetta e Mateus Neves da Fontoura
Melodia: Marcelo Paz Carvalho
Intérprete: Marcelo Oliveira
Um par de botas somente, num canto lá do galpão
Aquerenciam recuerdos de par de espora e garrão
Descansam a alma de campo, de tanto pasto nativo
Um par de botas somente, marcado a loro e a estrivo…
De couro já ressequido, pelo suor dos baguais
Olhando uma pra outra, são gêmeas sem ser iguais…
Se uma carrega o risco do espinho da japecanga
A outra leva o resquício do barro negro da sanga….
E o aço dos papagaios fez cicatriz na canhota
Que me apertou contra a terra, depois de virar cambota,
Pois fui naquela rodada me transformando em cachoeira…
E a outra guarda o veneno das presas de uma cruzeira.
Nunca dançaram uma chula, valsa, mazurca ou rancheira.
Mas trazem riscos na sola dos serviços de mangueira…
Também já foram lustradas, com a graxa de poliango
E quando muito cortaram o contrapasso de um tango.
E junto ao cano da destra ainda se vê o pegão
Guarda a metade da copa, de um dia de marcação
Foi quando o negro Cecêu depois de tomar uns trago
“Tastaviou” com ferro quente e quase que eu to marcado!
Se hoje meu par de botas se queda por velho e trapo
Conserva em cada rasgão a história do meu rastro…
Um par de botas somente, com traços de criolim
Mostram que tudo na vida tem o seu tempo e o seu fim…